Gonçalo M. Tavares vence Prémio Literário Vergílio Ferreira 2018

Gonçalo M. Tavares venceu o Prémio Literário Vergílio Ferreira devido à “originalidade da sua obra ficcional e ensaística”. A cerimónia de entrega do galardão, criado em 1996, será a 1 de março.

Gonçalo M. Tavares venceu esta quinta-feira o Prémio Literário Vergílio Ferreira 2018, atribuído anualmente pela Universidade de Évora. O júri decidiu atribuir o galardão ao escritor devido à “originalidade da sua obra ficcional e ensaística, marcada pela construção de mundos que entrecruzam diferentes linguagens e imaginários, afirmando-o como um dos autores de língua portuguesa mais criativos da atualidade”, refere o comunicado publicado no site da instituição de ensino.

O vencedor do galardão foi decidido durante uma reunião, que terminou ao início da tarde, do júri do prémio, presidido pelo professor da Universidade de Évora Antonio Sáez Delgado e que integra ainda o escritor João de Melo, a crítica literária Maria da Conceição Caleiro e as professoras Ângela Fernandes e Cláudia Afonso Teixeira. O galardão será entregue numa cerimónia que se realizará a 1 de março de 2018, data em que se assinala a morte do escritor.

http://observador.pt/2017/12/21/goncalo-m-tavares-vence-premio-literario-vergilio-ferreira-2018/

Gente Lusitana | Paulo Fonseca

Cornucópia rosada
de carne palpitante…
com neurónios, comandada
puro arbítrio, caminhante…
Permeável,
errante…
de louca, saudável…
humana,
impura,
insaciável…
A sina de vegetar
no plástico colorido…
sonho
de fermentar,
coração desabrido…
existência singela
tic-tac, tic-tac
imaginação
arrepio
frustração,
solslaio trôpego
de brio…
espiral,
depressão…
Canto mudo,
epopeia vertiginosa,
papel representado,
entrudo assolapado,
efémero carnaval
que se replica…
movediço
ritual
passeio de triste
que ri,
que resiste,…
falsete
de glória refinada,
faísca que levita
folclore cosmopolita,
conto de fada,…
festa ensombrada
sob a nuvem
de uma história que emociona…
vida traçada,
remela empoeirada,
susto,
calhandro
que fervilha,
robusto…
dança destemperada,
silêncio,
batucada,
ritmo que saliva
na estrada
ofegante…
Povo que lavas no Rio,
com a cabeça entre as orelhas,
Sangue vivo, sempre em desafio,
Obediente Balhelhas…

Marcos Barrero, poeta de coração paulistano | Adelto Gonçalves

I

A exemplo do que Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) disse do poeta argentino Rodolfo Alonso, o poeta Marcos Barrero não usa as palavras pela sensualidade que desprendem, mas pelo silêncio que concentram, procurando com sua poesia tentar exprimir o máximo de valores no mínimo de matéria vocabular. De fato, a poesia de Barrero impõe-se por uma concisão que chega à mudez, como diria Drummond. É o que o leitor pode comprovar em Pra machucar meu coração (São Paulo, Editora Patuá, 2017), sua segunda experiência no gênero, depois da estreia com Catchup, Mostarda e Calorias (São Paulo, Editora Artrífice, 2008).

Nascido em Assis, na região Oeste do Estado de São Paulo, Barrero vive há mais de quatro décadas na capital paulista, embora nunca tenha abandonado suas ligações com a terra natal, como é prova o livro Assis de A a Z – a Enciclopédia do Século 1905-2005 (São Paulo Editora L2m, 2008), em que  reúne verbetes sobre personagens notáveis daquela cidade em seu primeiro século de existência, o que inclui não só figuras locais, mas também nacionais e internacionais,.

Em outras palavras: embora o título deste livro renda homenagem ao compositor carioca Ary Barroso (1903-1964), o coração do poeta é essencialmente paulistano, como mostram vários poemas em que procura reinventar o cotidiano de uma cidade que hoje já pouco tem da paulicéia desvairada de Mário de Andrade (1893-1945). Um bom exemplo é “Bar da Rua do Chora Menino”, que flagra um instante numa artéria situada no bairro do mesmo nome na Zona Norte de São Paulo, distrito de Santana, local inicialmente ocupado por chácaras de imigrantes portugueses e, mais tarde, habitado também por imigrantes armênios:

Banha do dono derramada no balcão.

                        Moleque de havaianas sonhando num canto.

                        Sol.

                        Um carro funerário atravessa a rua.

                        Pés empoeirados e flores murchas.

                        Um cão entre as pernas.

                        Cai a tarde.

                        E a viúva da rua de baixo passa com olhos espertos sob a sombrinha.

II

Se nem todo poema carrega poesia, é verdade que nem toda poesia aparece como poema. Mas, às vezes, é preciso procurar descobrir o que está por trás do poema ou, quem sabe, por dentro do poema. Por isso, mesmo quando se trata aparentemente apenas da apreensão de um flagrante da vida ou de uma tentativa de reprodução de um momento, uma “fotografia” da realidade, ainda assim há poesia por trás dos versos secos. No caso de Barrero, suas peças perfeitas são as pequenas, como disse certa vez Lêdo Ivo (1924-2012) da poesia de Manuel Bandeira (1886-1968). Leia-se, por exemplo, “Manzanero”:

 

                        O nosso amor quase sempre é fevereiro

                        Às vezes, agosto.

                        Certos meses, incerto

                        Alguns anos melhor do que outros.

                        Nada mais quero

                        Só esse bolero no alto-falante.

                        Me gusta así:

                        o flash, o insight, o instante.

Em vários seus versos, há também uma nítida preocupação com o ocaso inevitável das coisas, a degeneração ou decadência do ser humano, enfim, o sentimento da aproximação da morte, como se pode ver no poema “PS”:

 

Vai o vulto

                        das dores físicas

                        do desabamento do corpo

                        arrastando o chinelo

                        desenhando com os pés

                        os percalços da carne veterana.

                        A cada passo

                        lento nos corredores

                        o mapa da dor

                        a geografia do fim.

            Adepto do verso livre e de poemas breves, elípticos e sugestivos – alguns, até epigramáticos –, Barrero, com esta obra, dá uma demonstração inequívoca do vigor de sua poesia, conduzindo-se sempre de modo harmonioso neste ofício, o que deixa entrever que pode oferecer muito mais em próximos livros, pois, com certeza, há de ter gavetas cheias de textos à espera para saírem à luz.

Resenhista de mão cheia e, portanto, leitor contumaz, além de bibliófilo à la José Mindlin (1914-2010), o que o fez até reservar um imóvel só para abrigar suas preciosidades literárias, Barrero não é um poeta principiante, embora não seja vasta a sua produção poética publicada. Poeta de estilo apurado e profundo conhecedor da vida e da obra dos maiores poetas do Brasil e do mundo, ele, que sempre viveu (e sobreviveu) das palavras, sabe o valor exato que cada uma tem quando precisa manifestar o que lhe vai pela alma. E, por isso mesmo, sempre foi muito rigoroso com sua própria obra.

III

Jornalista, escritor e professor de Jornalismo, é autor ainda dos livros História dos Campeonatos Regionais (esportes), Casa da Fazenda (co-autoria), Dez Décadas – a História do Santos FC (co-autoria) e Empresários Brasileiros (co-autoria). Foi roteirista e diretor da Rede Globo e o primeiro ombudsman de rádio do mundo na Bandeirantes/AM, em 1996, conforme registra a Organization of News Ombudsman, de San Diego/Califórnia. Atuou como professor de Jornalismo, Telejornalismo e Radiojornalismo na Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo, de 1990 a 2004.

Foi apresentador, diretor artístico e um dos fundadores da allTV, com a qual ganhou o Prêmio Esso de Melhor Contribuição ao Telejornalismo Brasileiro em 2005. Formou-se em Jornalismo pela Faculdade Casper Líbero, de São Paulo, e possui curso de especialização em Jornalismo Brasileiro pela mesma instituição.

Foi chefe de redação do extinto jornal A Gazeta Esportiva e editor da Revista Placar, da Editora Abril. Fez várias coberturas internacionais e ganhou os principais prêmios jornalísticos do País, inclusive o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Desempenhou ainda as funções de repórter, redator e editor na revista Manchete, nos jornais O Estado de S. Paulo, Gazeta Esportiva e Diário de S. Paulo, na Editora Abril e nas rádios Jovem Pan e Bandeirantes. Escreveu para Veja, Isto É, Folha de S. Paulo e Leia Livros.

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Pra machucar meu coração, de Marcos Barrero. São Paulo: Editora Patuá, 116 págs., R$ 38,00, 2017. E-mail: barrero@uol.com.br Site: www.editorapatua.com.br

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(*) Adelto Gonçalves, jornalista, mestre em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana e doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), é autor de Os Vira-Latas da Madrugada (Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1981; Taubaté, Letra Selvagem, 2015), Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003), Tomás Antônio Gonzaga (Academia Brasileira de Letras/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2012), e Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br

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Em homenagem a Cassiano Nunes | Adelto Gonçalves

                                                    I

        Primeiro de uma série de cinco volumes, Poesia – Obra Reunida (Brasília: Universidade de Brasília/Thesaurus Editora, 2015), de Cassiano Nunes (1921-2007), reúne livros esgotados e poemas inéditos do poeta, ensaísta, conferencista e antigo professor de Literatura Brasileira da Universidade de Brasília (UnB), à qual consagrou 25 anos (1966-1991) de dedicação e amor pelas letras, formando gerações de mestres e doutores.

            Sem herdeiros, o professor doou à UnB não só a sua extensa biblioteca como muitos manuscritos que hoje formam o acervo do Espaço Cassiano Nunes, que fica na Biblioteca Central no Campus Universitário Darcy Ribeiro daquela instituição. Talvez os cinco volumes previstos não sejam suficientes para abrigar uma vasta produção que inclui muitas conferências em universidades do Brasil e da Europa e dos Estados Unidos bem como uma obra que consta de mais de uma centena de títulos, muitos dos quais aguardam reedição, além de textos inéditos.

            Esse trabalho é fundamental porque só assim a produção teórica, além da obra poética, ficaria ao alcance não só do leitor comum como dos professores e pesquisadores que, com certeza, haverão de incluí-la nos programas universitários. Dessa tarefa foi incumbida a professora Maria de Jesus Evangelista, nomeada pelo reitor da UnB como curadora do Espaço Cassiano Nunes e amiga de longa data do colega de trabalho, que neste primeiro volume reuniu cinco livros já publicados – Prisioneiro do Arco-Íris (1962), Jornada (1972), Madrugada (1975), Jornada Lírica (1984) e Poesia II (1998) –, além de peças inéditas e reflexões breves chamadas pelo autor de “Grafitos nas Nuvens” (1995), que foram publicadas no diário Correio Braziliense.

            O livro encerra-se com “Poemas traduzidos” (1998) para o inglês, que trazem uma apresentação (“Seven Sides to Cassiano Nunes”) do professor Danilo Lôbo, que, aliás, foi quem saudou o poeta por ocasião da outorga do título de Doutor Honoris Causa que lhe fez a UnB em 2002.

                                       II

        Como bem observa na introdução que escreveu para este livro o poeta e ensaísta Anderson Braga Horta, a poesia de Cassiano Nunes é despojada, com uma “linguagem bem cuidada, mas nada de excessos de palavras, de preciosismos linguísticos, de complicações formais, enfim”. Mais: “não metrificada, mas musical, com apurado senso de ritmo”.

            Além disso, é uma poesia madura, sem arroubos juvenis, pois não se conhece até agora a produção do poeta em seus verdes anos, que talvez ainda resida no acervo que legou à UnB. Até porque o poeta demorou muito para mostrar os frutos do seu ofício: só com 41 anos idade publicou o seu primeiro livro de poemas, Prisioneiro do Arco-Íris. Desse livro, é “Canto do prisioneiro” em que mostra a sua ligação à cidade de Santos, que seria uma marca de sua poesia: “Felizes são os marinheiros/ que partem sem dizer adeus, e em cada porto de escala/ renovam o mistério do amor/ (…) Só eu não parto… Prisioneiro do arco-íris/ como quem num presídio abafa/ e expressa a sua ânsia cons truindo/ um navio dentro de uma garrafa!”.

            Do livro Madrugada, é o poema “Sou de Santos” em que faz uma referência a outro poeta santista, Ribeiro Couto (1898-1963), de geração anterior: Nasci perto do mar/ como Ribeiro Couto./ Como ele, cantei/ o cais do Paquetá,/ cheio de marinheiros,/ estrangeiros,/ aventureiros./ Apitos roucos de navios/ me atraíam para outras terras,/ propostas sedutoras./ Corri mundo./ vim parar no Planalto Central/ onde, solitário, entre livros,/ contemplo os últimos anos./ Às vezes, à noite,/me encaminho para o lado do Eixo/ e me detenho ante os terrenos baldios/ (amplidão) da Asa Sul./ Ao longe,/ os guindastes das construções/ sugerem um cenário de cais./ E o vento me traz com o cheiro de sal/ o inútil apelo do mar.

            Vivendo os 40 anos finais de sua vida em Brasília, obviamente, a nova capital federal     não deixaria de ficar marcada em sua poesia, pois, andarilho, conhecia praticamente todos os seus meandros, de que é exemplo o poema “Palavras à Cidade Livre hoje Núcleo Bandeirante”: “Há vinte anos, quando aqui cheguei/ no Planalto Central,/ em Brasília, ainda encontrei/ intacta, na tua verdade pioneira,/ na tua realidade rude, mas fecunda: áspera imagem, do “far west” brasileiro, e Cidade Livre!/ Livre! Haverá adjetivo/ com mais oxigênio e glória? (…)

                                                           III

            Filho de um português de escassas letras, para quem “livros não davam dinheiro”, e nascido numa rua do tradicional bairro da Vila Mathias, o futuro poeta e professor Cassiano Nunes Botica, a princípio, não teve como não se vergar à imposição do pai: formou-se técnico de Contabilidade pelo Colégio Santista, instituição católica dirigida pelos Irmãos Maristas, a uma época em que a profissão de contador significava na cidade pelo menos uma carreira na prefeitura local ou em alguma empresa de despachos aduaneiros ou de corretagem de café. Àquela época, cursar o Colégio Santista era privilégio reservado a famílias que tinham recursos financeiros, o que indica que a de Cassiano não s eria de modesta condição.

            Foi difícil, mas Cassiano conseguiu escapar do futuro discreto e obscuro que o pai autoritário, como deixou explícito em alguns de seus versos, insistia em lhe apontar, não sem antes passar três anos como datilógrafo de um instituto de aposentadoria para os estivadores, até conseguir um emprego no Office for Inter-American Affairs, ainda em sua cidade natal.

            Mas, por conta própria, começou a ler muito, até que se integrou aos meios intelectuais da cidade nos anos de 1940. Foi, então, que encontrou guarida em A Tribuna, principal diário da cidade, onde começou a publicar resenhas e críticas de livros. Nessa década, com os poetas Roldão Mendes Rosa (1924-1988) e Narciso de Andrade (1925-2007), participaria do movimento literário denominado Pesquisista, que reuniria também, entre outros nomes, Miroel Silveira (1914-1988), Cid Silveira (1910-?), Nair Lacerda (1903-1996) e Leonardo Arroyo (1918-1985).

            Foi secretário-executivo da Câmara Brasileira do Livro a partir de 1947, quando a entidade iniciava suas atividades em prol da difusão do livro no país. Em São Paulo, vivendo sozinho, muitas vezes em modestos hotéis, conseguiu o título de bacharel e licenciado em Letras Anglo-Germânicas pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), em 1954 e 1955, respectivamente.

            Numa época em que quase não havia no Brasil universidades que oferecessem estudos de pós-graduação, ele obteve bolsa para estudar na Miami University, onde se especializou em Literatura Norte-Americana. Estudou Literatura Norte-Americana também na Universidade de Ohio. Depois, novamente com bolsa de estudos, rumou para a Alemanha, onde na Universidade de Heidelberg se aperfeiçoou em Literatura Alemã. Lá deu aulas de Literatura Brasileira.

            Ao retornar para o Brasil com tamanha bagagem, tornou-se orientador cultural na Editora Saraiva, de São Paulo. Foi ainda fundador da Biblioteca Pública de São Vicente. Por fim, em 1966, por sugestão do poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), seu amigo, foi para Brasília, onde ajudou na instalação da UnB. Antes disso, ajudou os professores Antônio Soares Amora (1917-1999) e Antônio Cândido (1918-2017) a fundar a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Assis, no Estado de São Paulo, em 1958, e foi ainda professor-visitante na Universidade de Nova York.

            Entre os muitos livros que publicou estão O Lusitanismo de Eça de Queiroz (1947); A Evolução da Literatura dos Estados Unidos (1953); Modernidade de Chaucer (1954); Prisioneiro do Arco-Íris (1962); A Experiência Brasileira (1964); Sedução da Europa (1968); Norte-americanos (1970); Retrato no Espelho(1971); O Sonho Brasileiro de Monteiro Lobato (1979); A Felicidade pela Literatura (1983); A Atualidade de Monteiro Lobato (1984); Jornada Lírica (1984); Poesia – II (1998); e Literatura e Vida (2004), entre outros.

            Participou de antologias como Poemas do Amor Maldito (1969), com organização de Gasparino Damata e Walmir Ayala; Antologia dos Poetas de Brasília (1971); Brasília na Poesia Brasileira (1982), com organização de Joanyr de Oliveira; Poetas de Santos (1977), com organização de João Christiano Maldonado; Nem madeira nem ferro podem fazer cativo quem na aventura vive (1986); Caliandra – Poesia em Brasília (1995); Cronistas de Brasília, (1996, v.2), com organização de Aglaia Souza; Poesia de Brasília (1998); e Poemas para Brasília (2004), com organização de Joanyr de Oliveira, entre outras.

                                                           IV

            Maria de Jesus Evangelista, professora de Letras da Universidade de Brasília, nascida no Piauí, é bacharel em Letras Neoclássicas pela Universidade Federal do Maranhão e doutora pela Université de Toulouse, França. Com estudos comparativos em Portugal, foi professora catedrática na Universidade de Coimbra, onde dirigiu o Centro de Estudos Brasileiros. Tem publicado ensaios em revistas especializadas no Brasil e no exterior. Recentemente, publicou pela Editora da UnB o livro Cassiano Nunes – Poesia e Arte.

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Poesia – Obra Reunida, v.1, de Cassiano Nunes, organizada por Maria de Jesus Evangelista, com introdução Anderson Braga Horta. Brasília: Thesaurus Editora/Espaço Cassiano Nunes/Biblioteca Central/Universidade de Brasília, 270 págs., 2015. E-mail: maju.curadora@bce.unb.br

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 (*) Adelto Gonçalves, jornalista, mestre em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana e doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), é autor de Os Vira-latas da Madrugada (Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1981; Taubaté, Letra Selvagem, 2015), Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003), Tomás Antônio Gonzaga (Academia Brasileira de Letras/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2012) e Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015), entre outros.  E-mail: marilizadelto@uol .com.br

Desvão de Almas, Miicrocontos, Editora Penalux, SP | Silas Corrêa Leite

O professor Silas Corrêa Leite, jornalista comunitário, conselheiro diplomado em direitos humanos, ciberpoeta e blogueiro premiado, lançará seu vigésimo segundo livro, entre romances, livros de contos, de poemas, de ensaios, ebooks, edições por demanda e outros. Desta feita, pela Editora Penalux, lançará o livro de microcontos chamado Desvão de Almas, obra literária contendo um compêndio de alguns seus primeiros trabalhos em nanoprosa, microcontos, twittercontos, etc.

A noite de autógrafos será dia 20/10/19, as 19 horas, no concorrido e famoso Patuscada, Livraria, Bar e Café, do Eduardo Lacerda, no endereço, na Rua Luís Murat, 40, 05436-050, alto de Pinheiros, São Paulo.

Silas Corrêa Leite foi várias vezes premiado no Mapa Cultural Paulista representando sua cidade histórica de Itararé-SP. De origem humilde, era aluno do G.E.T.T. Grupo Escolar Tomé Teixeira, de Itararé, tendo sido boia-fria, engraxate, garçom, vendedor de dolé de groselha preta, aprendiz de marcenaria, depois se formando, estando hoje em mais de 100 antologias literárias de renome, inclusive no exterior e no livro Poesia Sempre/Ano 2000 da FBN-Fundação Biblioteca Nacional, Gestão Ivan Junqueira. Publica atualmente em mais de 800 sites, até na América espanhola, Europa, África e Ásia. Seu estatuto de poeta foi vertido para o espanhol, inglês, francês e russo.

Elogiado entre outros por João Silverio Trevisan, Álvaro Alves de Faria, Ignácio de Loyola Brandão, Fernando Jorge e ainda por Moacyr Scliar, Ledo Ivo e Carlos Nejar, da ABL-Academia Brasileira de Letras, Silas foi entrevistado pela Márcia Peltier (Momento Cultural/Jornal da Noite/Rede Bandeirantes), no Metrópolis e no Provocações (Antônio Abujamra) da TV Cultura de SP. Ganhador entre outros do Prêmio Lygia Fagundes Telles Para Professor Escritor (Gestão Chalita), vencedor do Primeiro Salão Nacional de Causos de Pescadores, promovido pela USP-Universidade de São Paulo, Jornal Estadão, Rádio Eldorado e grupo Parceiros do Tietê, Prêmio Biblioteca Mário de Andrade (Gestão Marilena Chauí, Secretária Municipal de Cultura), Prêmio Literal (Fundação Petrobrás/Curadoria Heloisa Buarque de Holanda), Prêmio Instituto Piaget (cancioneiro infantojuvenil) e Prêmio Simetria/Fantásticos (Microcontos) ambos em Portugal, também foi destaque na chamada grande imprensa, como Estadão, Diário Popular, Revista Época e mesmo na rede televisiva, quando criou o primeiro livro interativo da internet, o Rinoceronte de Clarice, que virou tese de mestrado e de doutorado na UFAL.

A nova obra do autor, DESVÃOS DE ALMAS, comporta micronarrativas, contículos como cáusticos despertencimentos esdrúxulos e babados, pinçados em nanonarrativas de desnaturezas quase humanas no caos, feito twittercontos, mais laconismo, antítese, rigor minimalista no maxirreducionismo irônico, sarcástico no socrático com inconformismo de sintaxe toda própria. O autor, que no programa Provocações de Antonio Abujamra da TV Cultura de SP disse que “corta os pulsos com poesia”,  e que entre outros de seus “troios bijutelíricos” (Silas e suas “siladas”) diz que “livro é bom quando o autor ou o leitor morrem no final”, mais uma vez com um novo livro polêmico e diferenciado, e, por essas e outras, agora, Desvãos de Almas.

Compareçam, promovam, divulguem, valorizem.

Contatos com o autor: poesilas@terra.com.br

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Somos todos LIVROS | Silas Corrêa Leite

Cada um com a sua lenda pessoal, seu papel na história
Crime e castigo, capa e espada, vermelho e negro
Todos páginas de rostos (escritos com suor e sangue)
Cercados por silêncios, títulos, prosopopeias, aventuras
Verdadeiros Crusoés com carrancas, luvas de pelica ou cravos amarelos.

Somos todos LIVROS
Alguns simplesmente foram abertos em páginas erradas
Todos com orelhas, apresentações ou enfoques traumáticos
Alguns imprensados tristes entre o amor e a dor
Diversos esquecidos em baús de ostras, bibliotecas ou limbos
Outros viraram romances, novelas ou tragédias em capítulos sociais e familiares.

Somos todos LIVROS
Para muitos o epílogo não deu assim tão certinho
Para outro a principal personagem amorosa morre antes do final
Todos procurando um sagrado reconhecimento íntimo
Imagens e palavras cercadas de tópicos frasais como pássaros
Outros em braile – como lágrimas feitas de pétalas azuis e arames de resignações.

Somos todos LIVROS
Inúmeros escondidos em labirínticos orquidários
Outros secretos, bruxuleantes, com pântanos ou em sânscrito
Muitos deles procurando mãos de oleiros espirituais
Sonham catedrais, escolas ou bancos de jardim para tomarem sol
Outros inutilizados em pedreiras. Ou em vidas como potes de rascunhos…

Somos todos LIVROS
Entre enfeites, umbrais ou pirâmides da alma enluada
Alguns encantários, outros sudários e até mesmo embarcadouros
Muitos ainda procurando autores de papel passado
Milhares entregues em resignações e neuras existenciais de fugas
Como figurinhas carimbadas por delírios ou pertencimentos perdidos em trilhas.

Somos todos LIVROS
Alguns são apenas toscas páginas em branco de papel-arroz
Outros como sachês em verso e prosa de cimitarras e tuaregues
Todos procurando um pouco de sal ou de vinagre no destino celeste
Na profecia-luz de um paraíso com “muitas moradas além dos céus”
Poucos carregando a exatidão do peito no fulcro das releituras com oferendas.

Somos todos LIVROS
Partituras, lenços brancos, garagens de culpas & inventários cósmicos
Muitos escritos a quatro mãos (ou por anjos da guarda)
Diversos sonhando dunas, caravanas ou oásis de noiteadeiros
Pois as páginas de rosto que levamos dessa vida insana
São questionários, fermentos, respiradouros, cálices ou silos de espirituais

Somos todos LIVROS
Há os que nunca sabem como são maravilhosamente raros
Há os que são clássicos e têm medo de serem abertos, revelados
Eu que escrevo enfrentações (exercícios de libertação de ser carbono)
Mostro o tamarindeiro íntimo oxigenando seixos no arco-íris
Procurando um final feliz mesmo tendo sido um gárgula na Terra do Nunca!

Silas Corrêa Leite – República Socialista-Rural Boêmio-Etílica de Santa Itararé das Artes, Cidade Poema
Membro da UBE-União Brasileira de Escritores
Diretor Cultural do Elos Clube de Itararé/Comunidade Lusíada Internacional –

E-mail para contato: poesilas@terra.com.br
Poema da Série: O Sudário do Imagético de Uma Primavera Imaginária