Dois Tempos

E antes do silêncio derramado que também ocupou um lugar entre nós, ainda ouvi sua voz arrastada. Depois se endireitou na cadeira e secou o suor que lhe corria pela face corada. A cigana. Suas argolas tremeluzentes. Sobrancelhas marcadas. Os olhos negros. Baços.

A madrugada de ventos e redemoinhos recorrentes. Uma estrela riscou o céu. Outra mais. A lua, entre nuvens esgarçadas.

Estou chegando agora e me colhe o brilho frio do espelho da sala. De frente, de perfil. Por esse ângulo talvez. Desde então insisto.

Ernane Catroli