ESPERAR | Soledade Martinho Costa

Esperar

Esperar sempre

Mesmo

Quando já nada se espera

E desespera.

Mesmo

Quando o desespero

Nos condena

Ao cumprimento de uma pena

Sem metas e sem rumo

Igual ao peregrino

Caminhar sem rota de um romeiro.

Sem grades

Sem muros

Sem a chave

Na mão do carcereiro.

Ainda assim

Cativo

O meu olhar

Refém do que procuro

Busca o farol

A luz

A chama

Que teima

Em decifrar

A razão do destino

Onde ainda me aventuro.

Soledade Martinho Costa

Do livro a publicar «Um Piano ao Fim da Tarde»